Por Cibele Quirino, 23/11/2023
Lideranças de nove organizações aglutinadoras do LIRA compartilharam na plenária Atuação da Sociedade Civil e Ações Integradas para Conservação da Áreas Protegidas da Amazônia o significado de estar entre os parceiros do LIRA e de integrar uma Rede formada por 125 organizações. Os integrantes participaram de mesa-redonda no evento Legado Integrado da Região Amazônica realizado de 22 a 24 de novembro, em Brasília/DF.
Em 2022, 9.300 pessoas, de 2.325 famílias, incluindo povos indígenas e comunidades extrativistas foram beneficiadas pelas ações da Rede LIRA. Israel Vale, da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, teve como ponto de partida o nome do evento. “Legado tem a ver com aprendizado e há um legado de resistência, retomada de território que é o que estamos fazendo em Rondônia”.
Jaqueline Pereira, do Imazon, destacou que o legado esteve presente no propósito do LIRA, desde o início, antes inclusive da formulação do edital. “Estou muito feliz com a oportunidade de falar sobre esse projeto. Eu estava nessa reunião com a Fundação Moore para chegarmos ao edital do LIRA. Somos do segundo edital do Norte do Pará. Desde lá a ideia era de deixar um legado, a partir de um trabalho com as instituições que já estavam na ponta, pensando em consolidação”.
Pluralidade
Aloisio Cabalzar, do ISA, destacou a singularidade encontrada em São Gabriel, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos. “Na área de atuação do nosso projeto, estão 23 etnias, em uma área de governança indígena, é um mosaico, um ambiente muito rico socioambientalmente, tem um campo de trabalho muito particular e único. Esse é o espírito do LIRA como essa riqueza se expressa”.
Adeilson Lopes, da SOS Amazônia, destacou as possibilidades viabilizadas pelo LIRA. “Com esse apoio, fortalecemos nossa parceria com empresas, governos estaduais e municipais, associações locais e cooperativas e com o governo, sobretudo com o ICMBio. Estamos falando em integrar para proteger, a sociedade civil se reunir, discutir os problemas e pensar nas soluções”.
Marcos Biazatti, Idesam, reforçou o potencial das organizações da sociedade civil para o desenvolvimento e a conservação da Amazônia. “Acreditamos que o desenvolvimento de cadeias produtivas contribui com a defesa dos territórios. Que o LIRA permaneça como Legado para a conservação da Amazônia”.
Guardiões
Robson Santos, da Amorema, lembrou que os povos das florestas são os principais defensores da floresta. “Vocês sabem que nós somos quem mais têm áreas preservadas. As associações de base são muito importantes para o território e a conservação da floresta. A visibilidade de tornar isso mais forte se dá a partir de ações concretas, de resultados o que vai levar ao fortalecimento das comunidades locais e isso traz qualidade de vida e autonomia”.
Bepjery TXucarrramãe, povo Caiapó, do Instituto Kabu, lembrou dos desafios, mas também dos avanços. “O Kabu fica na BR 163 no Pará, município de Novo Progresso, onde há desmatamento, soja, extração de madeira, garimpo. Estamos em uma luta diária contra a opressão. O LIRA tem sido um parceiro importante que contribui com as bases de vigilância instaladas nos limites dos territórios. Os anciões, os caciques o que eles mais falam para a gente é proteger o território porque sem ele o que será do nosso futuro. O meu pessoal está neste exato momento na elaboração do PGTA – Plano de Gestão Territorial e Ambiental uma das ações que o LIRA apoia”.
Foto – Divulgação LIRA-IPÊ/ Adriano Brito/Trilux
Oportunidades
Fabiano Silva, da FVA, afirmou que integrar o LIRA trouxe ganhos estruturais. “A base lógica é a implementação do Plano de Ação. O LIRA teve ousadia nas ações que apoiou. Chegamos ao fim desse ciclo do LIRA com o Mosaico do Baixo Rio Negro fortalecido, com pautas discutidas amplamente pela sociedade e por um conjunto de novas oportunidades geradas pelos diversos atores da região”.
Para Cloude Correa, do IEB, integrar um projeto do tamanho do LIRA está repleto de significados. “A quantidade de organizações envolvidas é algo que impressiona e motiva a gente. Não tem como não parabenizar o LIRA/IPÊ por tecer redes. Começamos a tecer uma grande rede e espero que nos próximos anos possamos desenvolver ainda mais ações em conjunto”.
Fabiana Prado, gerente geral do LIRA, recordou com o grupo a origem da discussão sobre o nome do projeto. “Queríamos homenagear o ARPA – Áreas Protegidas da Amazônia e por isso buscamos criar sonoridade com o nome do projeto. Mas também é sonoridade o que estamos vendo aqui com os projetos de vocês. O Legado do LIRA são as organizações, são vocês, nós somos os catalisadores do processo. O que a gente tem visto é o quanto é importante o papel da sociedade civil lutando e construindo sonhos. Nesse evento vamos ver os resultados, mas também é preciso olhar para o futuro”